Ellen Oléria

Nasceu em Brasília e foi criada em Ceilândia, na periferia. Começou cantando em coros de  igreja,  por influência  dos  pais. Iniciou  a  carreira  de  cantora  aos  16  anos   sendo autodidata. Nas palavras dela: 

"Tudo que aprendi a  tocar depois do b-a-bá que meu irmão me ensinou, aprendi olhando e  principalmente  ouvindo  e  experimentando.  Estudei  quatro  meses  de  teoria musical e não restou nada na minha cabeça desse tempo. Assim como os quatro meses de escola técnica que fiz, pra ser uma eletrotécnica, assim como o mês trabalhando em floricultura, o mês de assistente de caixa na loja de sapatos, ou o ano de telemarketing. Nada disso  eu lembro direito. Lembro mesmo das músicas de abertura dos desenhos que eu vi (e vejo!), das séries japonesas, das novelas mexicanas das antigas.

Lembro do gosto da vitamina de abacate, da cor do vestido da moda das  vizinhas e das bonecas delas. Lembro da  minha mãe me dando apoio mesmo sendo contra o curso de artes  cênicas,  mas  contando  pra  todo  mundo  da  vizinhança  que  eu  estudava  na universidade de Brasília, com o maior  orgulho. Lembro do primeiro beijo, mas lembro melhor  do  último.  Lembro  de  cantar  pra  pagar  as  contas  e  de  vez  em  quando  não conseguir. E  lembro de muitas vezes conseguir.  Lembro de dar bronca na minha irmã porque ela era preguiçosa pra decorar as letras  e os arranjos da músicas. Porque eu era sim, a “louca-do-ensaio!”: odiava ensaiar, mas insistia, pra sair bonito."

Ellen é atriz formada pela  UnB  (Universidade Estadual de Brasília). Atua desde o ano 2000 no circuito cultural como cantora, compositora e instrumentista. Ganhou inúmeras edições  em  festivais  no  Distrito  Federal,  mas  não  teve  carreira  fácil.  Mulher  negra, lésbica e da periferia não encontra espaço fácil para mostrar sua arte e se expressar! 
Hoje,  com  um  repertório  que  atinge  grande  diversidade  de  público,  Ellen  Oléria  tem aprovação da crítica midiática e do público desde o jazz ao samba, do samba ao pop, do pop  ao  hip- hop  e  do  hip  hop  às  manifestações  do  regionalismo  brasileiro  como  o congado, os afoxés e o carimbó. No ano de 2012 além de gravar um documentário  pelos  interiores do  Estado do Pará com  a  banda  Soatá  e  mestres  do  carimbó,  a  cantora  ganhou  visibilidade  ao  ganhar  o título de a voz do Brasil no reality show The Voice Brasil exibido pela TV Globo. Em  2013,  gravou  seu  4º  disco,  com  participação  de  Carlinhos  Brown.  Atualmente  a cantora apresenta seu novo trabalho pelo país.

Ellen Oléria é jovem, negra, feminista e suas músicas denunciam injustiças sociais com um sentimento colorido de resistência! Com suas músicas ela evidencia a vida de tantos que vivem nas periferias do Distrito Federal e a realidade de tantas mulheres...

Poeira, poeira lavadeira, enfeitadeira, poeira.
Poeira vermelha.
Antonina, Antonina, minha filha,
Cuide da sua vida,
Não deixe parecer com a minha. 
Eu fiz silêncio demais.
(trecho da música Mandala de Ellen Oléria)